domingo, outubro 29

Este inferno de amar...


Este inferno de amar - como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma ... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho-
Em que paz tão serena a dormi!
Oh!, que doce era aquele sonhar ...
Quem me veio, ai de mim!, despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela?, eu que fiz? - Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei ...
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Almeida Garret

5 comentários:

o alquimista disse...

Texto arrebatador amigo, a sombra da paixão mora na casa ao lado...

Forte abraço

María Esquitin disse...

Que angustia me ha invadido: la vida, la muerte, el amor, un sueño eterno... ultimamente me atormentan estas cosas.

Angel disse...

Dag,

"O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo" (Mahatma Gandhi)

beijos grandes

Anónimo disse...

olha que o antero de quental tb te fazia bem...

abraço
herc

Quando nós vamos ambos, de mãos dadas,
Colher nos vales lírios e boninas,
E galgamos dum fôlego as colinas
Dos rocios da noite inda orvalhadas;

Ou, vendo o mar das ermas cumeadas
Contemplamos as nuvens vespertinas,
Que parecem fantásticas ruínas
Ao longo, no horizonte, amontoadas:

Quantas vezes, de súbito, emudeces!
Não sei que luz no teu olhar flutua;
Sinto tremer-te a mão e empalideces

O vento e o mar murmuram orações,
E a poesia das coisas se insinua
Lenta e amorosa em nossos corações.

Andreia disse...

Eu lembro-me de ter estudado esse poema no secundário!:)