Tempestade

Estava tudo calmo...as velhotas estendiam a roupa,
os pássaros cantavam, as crianças brincavam,
os namorados passeavam de mãos dadas, os cães estavam calmos,
as árvores estavam imóveis como rochas...
dois idosos jogavam damas tranquilamente,
um homem sozinho olha para o céu.
Até que sopra um leve vento frio,
as árvores mexem-se timidamente,
a tarde começa a ficar escura,
nuvens negras movem-se de mansinho,
o vento instalou-se e as nuvens aproveitam para atacar,
fica tudo imóvel a olhar para aquela maravilha aterrorizante,
ouve-se um ruído vindo do céu, como se alguém estivesse a ralhar,
caiem as primeiras gotas, lágrimas de alguém triste,
o vento começa a assobiar como se estivesse feliz,
as gotas aceleram como balas vindas do céu
as velhotas…essas já estão refugiadas dentro de casa,
os pássaros desaparecem,
os namorados escondem-se num alpendre,
os cães latem furiosos para o céu,
as crianças fogem para casa,
a terra une-se com o céu através de barulhentos raios,
a chuva passa a pequenos blocos gelados,
e o gelo instala-se em todos os recantos,
o homem sozinho continua a olhar para o céu,
um raio cai-lhe a menos de vinte metros,
ele fica imóvel coberto de agua e gelo,
o que pensa ele…
a vida não é aquilo que ele quer,
estará a admirar a ira da natureza.

O vento diminui de velocidade,
a chuva pára calmamente,
a natureza já não ralha com o mundo,
a tempestade cessa tão depressa como começou,
o dia fica lindo e o céu azul,
os pássaros voltam com a sua melodia,
as crianças regressam para as suas brincadeiras,
o homem levanta-se, sorri para uma criança,
e abandona o parque com um brilho nos olhos,
com a esperança de ver mais alguma tempestade,
e sobreviver…