segunda-feira, outubro 2

Histórias opostas

UMA NOITE, E UMA VIDA

Era uma noite alegre, a discoteca estava cheia, copos, gargalhadas e muita dança, eu e o I estávamos em alta rotação, as meninas modelos estavam doidas, dançavam e bebiam shots desalmadamente, o I andava louco no meio delas, eu ria-me a olhar para ele á distância, fumava os meus cigarros e observava o ambiente infernal, o ritmo e a musica estavam altíssimos e contagiantes, o meu coração batia ao ritmo do som, o I já curtia com uma modelo, beijavam-se ardentemente, as suas mãos navegavam pelos seus corpos, nunca tinha visto o I tão doido como ali, desviei o olhar para uma mulher incrivelmente bonita que estava no bar, estava vestida de uma forma muito simples e não tinha maquilhagem, era uma beleza natural, pele branca, um sorriso angelical, fui ao encontro dela, apresentei-me e ela sorriu, era a P. Falamos durante cinco minutos e bastou esse tempo para saber que era a mulher da minha vida, ela também sentiu isso, falamos coisas carinhosas, beijamo-nos calorosamente, e o I veio ter comigo interrompendo de forma cruel a nossa paixão, disse-me que estava mal e que tinha de sair dali, estava com a sua amiga modelo, resolvemos sair os quatro daquele caldeirão infernal.
Eu e a P estávamos abraçados, o I completamente embriagado com a sua nova namorada, a P convidou-me para casa dela e eu aceitei, mas primeiro fomos levar os namoradinhos a casa do I, lá os deixamos a caminhar aos ´Ss` em direcção à porta de casa, e seguimos, chegamos a casa da P, saímos do carro, e beijamo-nos fogosamente, entramos em casa com este fogo, não paramos em nenhuma divisão e fomos logo para o quarto, já estávamos a fazer amor antes de entrar no quarto, eu levava-a ao colo agarrando-lhe as pernas, e…


CRUELDADE

Estávamos em guerra, eu comandava cinco homens, o meu restante pelotão estava morto, tinham morrido na batalha anterior e nem tínhamos tido tempo para recuperar forças, a guerra estava feroz, não havia tempo para nada a não ser combater, seguíamos por um carreiro no meio da mata escura, cheirava a morte, as nossas fardas verdes camufladas estavam imundas, as munições estavam a acabar, mas a nossa coragem mantinha-se intacta, tínhamos uma missão de recuperar dez prisioneiros que estavam a vinte quilómetros de distância, ouvimos uma motorizada, e gritei para todos se deitarem no chão, o cabo Gio queria disparar para mata-lo, estava muito nervoso, disse para ter calma, e mandamos parar o individuo, o Gio estava disposto a mata-lo, dei-lhe um soco para se acalmar, falei com o rapaz da motorizada, disse-me que tinha ouvido tiros e que fugira daquele local, estava em pânico, deixei-o seguir, era um rapaz magríssimo e estava completamente afectado pela guerra, seguimos a nossa busca, a noite estava a cair, mas não podíamos parar, na guerra não à lógica e temos que estar permanentemente vigilantes, a cinco quilómetros do nosso objectivo deparamo-nos com o inimigo, eram uns quinze e começou a troca de tiros, o Gio estava louco, ria e gritava enquanto disparava, e num acto de loucura começou a correr em direcção ao inimigo matando três de seguida, mas acabou por ser abatido, senti uma enorme tristeza, mas já previa que isto acontecesse, o Gio tinha enlouquecido desde que o Louis morrera depois de pisar uma mina. O mais calmo era o Yuri, com um olhar determinado e frio, derrubava inimigos como de fossem pássaros pousados em ramos de arvores, eles eram mais que nós, mas bem depressa estávamos a aniquila-los, os meus homens eram os melhores, sentia um orgulho enorme, o inimigo tinha batido em retirada e finalmente chegávamos ao acampamento onde estavam os prisioneiros. Sentia-se um silêncio perturbante, não havia sinais de vida ali, nada…nem uma simples formiga ou um rato, até que mais á frente vi a barbaridade, os prisioneiros estavam todos mortos, e como se não bastasse mata-los estavam desmembrados, era uma visão horrível, estávamos todos em silêncio... o Cruz vomitava, os restantes choravam, uma lágrima caia-me pelo rosto, e pensava na crueldade dos homens, nunca tinha visto uma coisa assim, os prisioneiros eram pessoas da aldeia, não tinham nada haver com aquela estúpida guerra, crianças, mulheres e velhos…pensei (meu Deus, como deixas que estas coisas aconteçam?).
Olhei para o horizonte e um lobo caminhava na nossa direcção, chegou perto de mim, olhamo-nos olhos nos olhos durante dois minutos, e o lobo começou a lamber-me e senti uma paz dentro de mim, e dei-lhe também carinhos, sai dali sozinho com o lobo, e caminhamos os dois pelo horizonte.

8 comentários:

Angel disse...

As tuas historias estao cada vez mais reais, conseguimos idealizar to em promenor todos os promenores.
Continua com a mesma alma e o mesmo carinho.

jinhos

Anónimo disse...

Ai estava tao embrenhada na tua historia com a p.e de repente puff
começas a contar outra. Eu kuska como sou nao sei o final da noite.Real

Andreia disse...

Bem, dois textos completamente diferentes... Fikei se saber o resto do primeiro...

Anónimo disse...

Valiosas palavras que em ti habitam, que se desenham virtualmente, escreves tão bem que é fácil ler-te, rápido demais, talvez um destes dias te possas alongar e acabar este primeiro post que tanto promete...

A tua escrita é realista não foge aos dramas, nem às sensações, não se mascara, é assim cheia de cores, cheia de amgia...como a vida!

Gosto de ler-te, já te disse inúmeras vezes, dum espaço virtual fizeste um sítio fantástico, onde reflectimos, observamos e voltamos sempre para te ler...

Anónimo disse...

Era somente para te dizer que fiquei a admirar a tua escrita! è vibrante e simples o que a torna muito especial... vou linkar-te lá no ninho... espero que não te importes! beijinhos

Anónimo disse...

Gostei das tuas palavras, tens uma maneira de te exprimires diferente, mas muito positiva!

Posso linkar-te?

Beijos.

Bruno Mann disse...

É um orgulho enorme alguem reparar em mim e gostar do que escrevo, fico muito feliz, para me linkarem não é preciso pedir, é um gosto estar presente nos vossos blogs.

Obrigado

Anónimo disse...

olá...
Eu diria mesmo mais, a tua escrita escorrida, fácil, corrida, atraente, interessante, intensa e utilizando muitos poucos pontos finais, faz-me lembrar o saramago e a forma como nos dá todo este tipo de sesações...
Saúde da boa, a gente vê-se por aí...